Selton Mello conquista o prêmio por performance que abala

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Selton Mello ergueu-se no palco com a estatueta do Prêmio Grande Otelo, não apenas como um ator premiado, mas como um contador de histórias que ressuscita memórias. Em "Ainda Estou Aqui", ele incarna Rubens Paiva, engenheiro civil assassinado durante a ditadura militar, com uma intensidade que transcende o físico do personagem.


Ele próprio admitiu no discurso de agradecimento: "Só tive acesso a fotografias". Essa falta de registros audiovisuais se transformou em um desafio e, paradoxalmente, numa oportunidade para que Selton construisse uma imagem mais íntima e verdadeira do personagem.


É raro ver um ator refletir sobre o vazio como algo a ser celebrado. Ele não apenas encarnou Rubens Paiva; ele tornou-se parte da história de alguém que já não está aqui para contar sua própria história.


Selton falou também sobre o curto tempo de tela em seu filme, contrastando isso com aprofundada expressividade. "Fui premiado pelo que não fiz", disse ele, numa mistura de ironia e reverência à lacuna que preencheu com sua presença.


Entre os nomes da concorrência estavam Walter Salles, Caio Blat, Fabio Assunção, João Pedro Mariano e Matheus Nachtergaele. Todos atores de talento inquestionável, mas Selton saiu vencedor por sua capacidade única de mergulhar em um personagem que não pode mais contar sua própria história.


É tocante pensar que Selton "emprestou seu corpo" a Rubens Paiva, tornando-se uma载体 para a memória de alguém que já não está aqui. Esse é o peso e a honra da representação.

Camila Fernandes

Camila Fernandes

Enquanto outros atores interpretam personagens imaginados, Selton Mello teve que reviver um corpo que nunca voltou. Ele não apenas ganhou uma estatueta; ele ganhou a chance de dar voz a uma história silenciada.

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