As Sombrinhas de Umbraças: A Espiritualidade por Trás dos Guarda-Sol no Japão

Imagem principal da notícia: As Sombrinhas de Umbraças: A Espiritualidade por Trás dos Guarda-Sol no Japão

Em um país onde o guarda-chuva não serve apenas para se proteger da chuva ou do sol, mas é uma ferramenta espiritual capaz de atrair almas e energias, o Japão encanta com sua mistura peculiar de tradição e espiritualidade.

Para muitos, um guarda-chuva é meramente um objeto funcional para se proteger do clima. No entanto, no Japão, ele transcende essa função básica, assumindo um papel sagrado na cultura local. Segundo Tatsuo Danjyo, professor emérito da Universidade de Beppu, os guardas-chuvas são considerados 'atratores de deuses' ou 'vessels espirituais', de acordo com a crença popular.

Essa visão é profundamente enraizada na história. No século IX e X, os primeiros guardas-chuvas no Japão não eram usados para se proteger do tempo, mas sim como símbolos de poder espiritual ou político. Eles eram reservados para figuras religiosas e políticas de alto status, carregados por servidores.

'Acreditamos que os objetos possuem espíritos', explica Danjyo. 'A forma circular do guarda-chuva lembra a forma de uma alma, e o cabo parece um pilar... era onde as almas desciam.'

Hoje em dia, essa espiritualidade está viva em festivais como o Yasurai Matsuri, em Kyoto, onde os guardas-chuvas decorados com flores são usados para 'extrair doenças' das pessoas. Em Fukuoka, durante o Hakata Dontaku, flutuações gigantes de guardas-chuvas desfilam pelas ruas, e passar por baixo delas é considerado trazer sorte.

Para os amantes da história e da arte, existem workshops e museus que exploram a herança das sombrinhas, como o Yodoe Umbrella Folklore Museum em Tottori e a loja Matsuda Wagasa, em Kanazawa. No Atelier Kyoto Tsujikura, fundado em 1690, é possível criar suas próprias miniaturas de guardas-chuvas.

A próxima vez que você abrir um guarda-chuva no Japão, especialmente uma tradicional wagasa, lembre-se: ele pode estar fazendo mais do que apenas mantê-lo seco.

Carlos Souza

Carlos Souza

Em tempos modernos, é fácil esquecer a magia que está por trás das coisas mais simples. O exemplo japonês nos lembra de que, às vezes, o que parece ordinário pode esconder um mundo de significado e beleza.

Ver mais postagens do autor →
← Post anterior Próximo post →