O verão dos 'desconectados': um olhar filosófico sobre o vício em tela

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O verão é tempo de férias, sol e... redes sociais? Para muitos adolescentes nos Estados Unidos, essa equação parece inevitável. Com quase一半 dos jovens conectados praticamente o tempo todo, adultos se desesperam para arrastá-los do mundo virtual. E surge uma nova tendência: acampamentos de 'detox digital', que prometem desviciar adolescentes da tela com um choque de realidade.


Imagine um acampamento onde os celulares são proibidos, as câmeras viram moeda de troca e o contato social se torna a única diversão. Esse é o cenário descrito por Wired em sua reportagem sobre um programa inovador que leva adolescentes para longe das telas.


Muitos dos jovens que participam desse tipo de acampamento chegam com habilidades sociais bastante comprometidas. Eles não conseguem manter uma conversa sequer, evitar olhar no olho ou completar uma frase. Tudo é abreviado e sussurrado. Para eles, o diálogo presencial é algo a ser evitado a todo custo.


Entre os participantes, predominam jovens de 13 a 17 anos, com um perfil bem definido: meninos jogadores e meninas viciadas em redes sociais. Nenhum deles quer estar lá. Um adolescente tentou fugir para uma freeway distante, teve que ser resgatado pela patrulha rodoviária e, como forma de protesto, fez uma greve de fome durante três dias.


Para desafiar esses 'prisioneiros voluntários', o acampamento impõe um rigoroso cronograma: dormidas obrigatórias às 22h30 e acordados às 6h30. Os quartos são coletivos, promovendo uma dinâmica de resistência e solidariedade entre os participantes. Atividades como palestras sobre finanças e a dura realidade de que as empresas tecnológicas não se importam com seu 'divertimento' são usadas para abrir os olhos dos jovens.


Apesar de todo o sofrimento, há momentos de luz. Alguns jovens que já passaram pelo programa voltam como voluntários, desejando ajudar os novatos. Eles querem dizer: 'Fui você no ano passado. Estava exatamente onde você está e sai bem daqui.'


Essa experiência serve como um espelho para o Brasil, onde a adoção de tecnologias é cada vez mais precoce e intensa. Enquanto os adolescentes buscam refúgio em games e redes sociais, é fundamental que pais e educadores reflitam sobre o equilíbrio entre o mundo virtual e a vida real.

Bruno Lima

Bruno Lima

É impressionante como esses jovens, que tanto odeiam ser 'controlados', acabam se tornando defensores desse tipo de 'controle' voluntário. Quanto mais tempo passamos conectados, mais parece que precisamos de um choque de realidade para lembrar que a vida não é apenas uma série de stories e likes.

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