Em meio a nuvens sombrias que se acumulavam sobre a entrada da prisão estadual da Flórida, o governador Ron DeSantis anunciou mais um recorde: nove execuções em apenas sete meses. Enquanto Edward Zakrzewski, de 60 anos, respirava seu último suspiro na câmara de gás, a Flórida ultrapassava a marca de 27 executados este ano, o maior número em uma década.
Esta onda sangrenta não é mera coincidência. Ela reflete um retorno às práticas mais obscuras do sistema penal americano, incentivado pelo atual governo republicano e por um presidente que vê a pena de morte como ferramenta política. Donald Trump já havia instigado os promotores a buscarem mais frequentemente a pena capital, e DeSantis respondeu ao apelo, transformando-se no governador com o maior número de execuções desde 1976.
Enquanto isso, famílias como a de Julie Andrew, que há anos aguardam justiça pelo assassinato de suas entes queridos, encontram algum conforto nas execuções. No entanto, o preço pago não é só humano: a Flórida registra um aumento significativo no número de réus envelhecendo em prisões sem saída, aguardando seu turno na câmara de gás há mais de quatro décadas.
É curioso como o debate sobre a pena de morte continua pendente nos EUA. Enquanto alguns estados abandonam esse método, outros, como a Flórida, se reinventam para justificar sua manutenção. E é ainda mais preocupante ver que isso está acontecendo no contexto de uma administração que parece mais interessada em marcas e discursos duros do que na realidade das consequências.