Em plena noite de sábado (2/8), em Corumbá, Mato Grosso do Sul, Salvadora Pereira, uma jovem de apenas 22 anos, teve sua vida interrompida brutalmente. Foi assassinada com um único disparo de arma de fogo, executada pelo próprio companheiro. Com essa tragédia, o estado brasileiro chega à 21ª vítima de feminicídio no ano.
Salvadora não era somente uma estatística; ela era uma pessoa que começava a desenhar seu futuro. Ainda jovem, tinha toda uma vida pela frente, mas foi arrancada dela em um momento de violência inconcebível. Seu assassinato ocorreu em uma propriedade rural, um local que muitas vezes serve como covarde para crimes violentos, longe dos olhos da população e das autoridades.
O acusado, José Cliverson Soares da Silva, de 32 anos, foi preso em flagrante e não hesitou em confessar o crime. Em um momento de arrependimento tardio, ele disse a um dos policiais: "Eu fiz, senhor. Fiz uma cagada." Essas palavras são reveladoras: elas expressam culpa, mas também desespero. Cliverson reconheceu seu erro, mas não podemos esquecer que sua ação foi deliberada, fruto de raiva, ódio ou algum outro motivo obscuro.
Este caso é mais um alerta para agravante realidade da violência contra mulheres no Brasil. Enquanto escriba este texto, já são 21 assassinatos de mulheres em Mato Grosso do Sul só em 2025. Isso não é apenas uma estatística; é um balanço de vidas interrompidas, sonhos que não se concretizaram e famíliares que jamais encontrarão paz.
É fundamental refletir sobre o contexto em que esses crimes ocorrem. Mato Grosso do Sul, como muitos outros estados brasileiros, luta contra a violência doméstica e familiar, mas ainda há muito a ser feito para proteger as mulheres. A impunidade é um problema sério: estatísticas mostram que apenas 3% dos crimes de feminicídio no Brasil são punidos com condenação definitiva.
Salvadora Pereira não teve a chance de defender-se, de gritar por ajuda ou de ver o sol nascer outro dia. Ela foi vítima de um sistema que muitas vezes falha em proteger as mulheres e de uma sociedade que, em demasiados casos, normaliza a violência doméstica.
Enquanto escrevo isso, seu corpo está no Instituto Médico Legal (IML), aguardando o trâmite legal. Sua família choram, amigos se despedem e a sociedade, mais uma vez, é compelida a olhar para esse problema que não recua.