Bibinho se compromete a devolver R$ 258 milhões desviados em esquema de corrupção

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Em um desenvolvimento surpreendente, o ex-diretor da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Abib Miguel, conhecido como Bibinho, se comprometeu a devolver R$ 258 milhões aos cofres públicos. O acordo foi firmado no âmbito das operações Diários Secretos e Argonautas, que desvendaram um esquema de corrupção complexo e enraizado.


O valor a ser restituído foi calculado considerando os danos causados por atos de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. Além disso, Bibinho deve pagar uma multa superior a R$ 3,6 milhões como pena complementar. O Ministério Público do Paraná, responsável pelas investigações, destacou que o pagamento faz parte dos acordos de colaboração premiada firmados com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).


Ainda segundo as informações, o acordo foi homologado nesta segunda-feira (28) e resulta na suspensão das ações penais que Bibinho responde em Juízo. Em 2018, ele havia sido condenado a mais de 255 anos de prisão por 59 atos de lavagem de dinheiro cometidos entre 2000 e 2010. Apesar de já ter cumprido quase oito anos na cadeia, atualmente ele responde aos processos em liberdade.


A defesa de Bibinho foi contacteda pela reportagem da Tribuna, mas preferiu não se pronunciar sobre o acordo nesta quarta-feira (30). O esquema de corrupção dos Diários Secretos foi revelado em 2010 por meio de uma série de reportagens publicadas pelo jornal Gazeta do Povo e exibidas pela RPC. Bibinho é considerado o mentor de todo o esquema.


É importante destacar que a Justiça mantém bloqueados ou sequestrados ao menos 90 imóveis pertencentes a Bibinho, que hoje possui 85 anos de idade. Em caso de descumprimento do acordo, esses bens poderão ser utilizados para quitar os valores do ressarcimento. O Ministério Público do Paraná alerta que muitas ações penais e cíveis relacionadas aos Diários Secretos e Argonautas correm o risco de prescrição dada a idade avançada do ex-diretor. Por decisão do Judiciário, o processo tramita atualmente sob sigilo médio.


É um lembrete doloroso da magnitude do problema da corrupção no Brasil e da necessidade de que os culpados respondam por seus atos - ainda que tardia e incompleta seja a justiça.

Lucas Martins

Lucas Martins

Enquanto o dinheiro volta, a credibilidade dos governantes segue perdida. A Justiça corre riscos de prescrição, mas as sequelas da corrupção duram para sempre.

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