Em plena era de tensões comerciais, o Brasil se confronta com uma delicada situação: a possibilidade de retaliação contra as tarifas impostas por Donald Trump aos produtos brasileiros. E o setor que mais se preocupa é o da saúde.
Médicamentos e produtos farmacêuticos lideram as importações do Brasil dos Estados Unidos, um mercado价值 quase US$ 10 bilhões no ano passado. Enquanto esses itens não estão diretamente afetados pelas tarifas, uma eventual resposta brasileira pode encarecer substancialmente produtos críticos, como medicamentos para câncer e doenças raras.
Paulo Fraccaro, CEO da Associação Brasileira de Indústria de Dispositivos Médicos, alerta que a adoção de reciprocidade tarifária pode levar os preços a subir em torno de 30%. Diante disso, o Brasil está forcado a buscar alternativas em países como China, Índia e Turquia.
Mas há mais: 95% dos insumos farmacêuticos usados na produção local vêm da China. Enquanto isso, medicamentos com patentes, especialmente os de alto custo, ainda dependem significativamente dos Estados Unidos e da União Europeia.
Para Norberto Prestes, presidente da Associação Brasileira de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), o caminho para reduzir essa dependência passa por investimentos em pesquisa e produção brasileira. "Temos talentos incríveis, mas muitos acabam saindo do país. Devemos reter esses talentos e fortalecer nosso sistema", defende.
Enquanto isso, o Brasil importou US$ 4,3 bilhões em medicamentos de alto custo no primeiro semestre deste ano, um aumento de 10% compared to 2024. A União Europeia é o maior fornecedor, respondendo por cerca de 60%, seguida pela Alemanha e Estados Unidos.
Essa situação reflete uma complexa dança geopolítica onde a saúde dos brasileiros pode ser afetada pelo jogo de interesses comerciais internacionais. Mas também é um lembrete da necessidade de investir em自主创新 para garantir a segurança do供给侧.