Câncer colorretal: um alerta silencioso para o Brasil

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O câncer colorretal não é apenas uma doença silenciosa; ele é um alerta para a fragilidade do sistema de saúde brasileiro. Enquanto o mundo avança em programas de rastreamento e prevenção, o Brasil vê suas taxas de mortalidade aumentarem alarmantemente. Até 2040, as mortes decorrentes desse tipo de câncer devem subir 36%, segundo projeções recentes da Fundação do Câncer.

Os números são assustadores: de 146 mil para quase 200 mil óbitos nas próximas duas décadas. No Sudeste, a região mais afetada, o número de mortes pode passar de 75 mil para mais de 100 mil. Enquanto isso, no Sul, apesar de um menor total de casos, a taxa de mortalidade é alarmante, com quase 23 óbitos a cada 100 mil habitantes.

É preocupante notar que o diagnóstico tardio ainda é a maior barreira para o tratamento. No Brasil, 78% dos pacientes falecem já em estágios 3 ou 4 da doença, contrastando com os países que adotaram rastreamento sistemático, onde a taxa de sobrevida chega a 65%.

Mais alarmante ainda é o aumento do câncer colorretal entre jovens abaixo de 50 anos. Até recentemente, esse grupo não era considerado de risco, mas os dados mostram que a doença está se expandindo para faixas etárias mais jovens.

Enquanto isso, o país carece de uma política nacional de rastreamento organizada. Hoje, o diagnóstico depende da iniciativa individual ou da suspeita clínica de um profissional. Testes como o sangue oculto nas fezes e a colonoscopia não são oferecidos de forma sistemática à população.

Para Alexandre Nishimura, coloproctologista do Hospital Israelita Albert Einstein, a principal barreira é a ausência de um programa robusto e financiado que integre rastreamento e tratamento. Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer, ressalta a necessidade de incentivar hábitos saudáveis, como reduzir o consumo de carne processada, combater o sedentarismo, controlar o peso e evitar o tabagismo.

Enquanto o câncer colorretal se torna uma epidemia silenciosa no Brasil, é essencial que o país repense sua abordagem preventiva. Cada vida perdida não é apenas um número; é um chamado à ação para um sistema de saúde que ainda está muito longe de ser justo e eficiente.

Palavras-chave: câncer colorretal, mortalidade, prevenção, rastreamento, saúde pública.
Categoria: Saúde

Juliana Rocha

Juliana Rocha

O câncer colorretal não é apenas uma doença; é um espelho da fragilidade do sistema de saúde brasileiro. Enquanto outros países investem em programas preventivos, o Brasil ainda luta para implementar políticas básicas de rastreamento. Cada morte por essa doença é um lembrete doloroso de que há muito a ser feito.

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