A revelação recente da Financial Times sobre o contrabando de chips de inteligência artificial da Nvidia para a China expõe as fragilidades das sanções impostas pelos EUA. Enquanto o governo Trump tentava frear os avanços tecnológicos do gigante asiático, bilhões de dólares em produtos proibidos foram enviados ilegalmente ao mercado chinês.
Chips de alto desempenho, como a série B200 da Nvidia, que alimentam sistemas de IA de empresas globais como OpenAI e Google, estão sendo vendidos em larga escala no mercado negro chinês. Enquanto isso, a empresa americana insiste que não tem evidências de que seus produtos estejam sendo desviados para o país.
A operação é feita por meio de empresas como a Gate of the Era, sediada na China, que compra os chips em massa e os vende a distribuidores locais. Cada rack contendo oito B200s pode custar até R$ 3,5 milhões, um preço que representa um溢价 de 50% sobre os preços nos EUA.
Os efeitos das sanções americanas não foram tão significativos quanto se esperava. Enquanto empresas como a Amazon e o Google enfrentam restrições, distribuidores chineses encontraram maneiras criativas para contornar as leis, vendendo produtos em redes sociais como o Douyin (equivalente ao TikTok na China) e oferecendo suporte técnico para instalação.
Essa situação não é nova. Desde a proibição do chip H20 pelo governo Trump, os intermediários chineses têm se mostrado espertos em encontrar novas rotas para importar tecnologia de ponta. Até mesmo países da Ásia Oriental e da Península Indonésia estão sendo usados como pontos de transbordo.
Enquanto isso, a Nvidia parece ter optado por manter-se neutra, evitando confrontar diretamente o governo chinês. Em declaração à Financial Times, a empresa minimizou o impacto do contrabando, afirmando que "tentar montar data centers com produtos ilegais é uma proposta sem futuro".
Mesmo com as recentes liberações de vendas do chip H20, os negócios ilícitos continuam a prosperar. Com a perspectiva de novas restrições dos EUA no horizonte, incluindo possíveis controles de exportação para Tailândia e Malásia, os distribuidores chineses já buscam novas rotas, como a Europa, para garantir seu suprimento.
Enfim, parece que o jogo é eterno. Enquanto houver demanda por tecnologia de ponta e lucros tentadores, os intermediários encontrarão sempre um jeito de burlar as regras. E a Nvidia, com seu sorriso amarelo, continua vendendo para todos, incluindo aqueles que operam na sombra.