Christopher Nolan está enfrentando críticas por filmar partes de sua aguardada produção 'The Odyssey' na Western Sahara, um território disputado onde 70% da área é controlado pelo Marrocos. A equipe do diretor passou quatro dias filmando em Dakhla, cidade considerada a capital administrativa da região de Dakhla-Oued Ed-Dahab no Marrocos.
A Western Sahara é um território colonial não autônomo, reconhecido pelas Nações Unidas. Sua população indígena, os saharauis, luta há décadas por sua independência do Marrocos. O governo marroquino propôs um plano que concede autonomia à região, mas mantém a soberania final, similar à relação do Reino Unido com as Ilhas Canárias e País Basco.
Após o término das filmagens, o Festival Internacional de Cinema da Western Sahara (FiSahara), sediado em acampamentos de refugiados na Argélia, divulgou uma declaração pedindo que Nolan interrompesse a produção. Eles argumentam que Dakhla não é apenas um lugar bonito com dunas cinematográficas, mas uma cidade ocupada e militarizada onde a população sahrawi sofre repressão.
María Carrión, diretora do festival, destacou que a produção contribui para a normalização da ocupação marroquina. Javier Bardem, ator conhecido por apoiar o movimento sahrawi, compartilhou a declaração no Instagram, denunciando a exploração cultural de uma situação colonial.
Enquanto isso, o Ministério da Cultura do Frente Polisario, grupo nacionalista sahrawi, acusou a produção de 'normalização cultural' e 'exploração' da arte para mascarar a opressão. Por outro lado, o Marrocos vê as filmagens como uma oportunidade para promover Dakhla como destino turístico e cinematográfico.
'The Odyssey', estrelada por Matt Damon, Tom Holland, Anne Hathaway e Zendaya, combina a epopeia de Homero com locações em Morocco, Grécia e Itália. Seu lançamento está previsto para 17 de julho de 2026.