A regulação europeia sobre inteligência artificial está se firmando, apesar das objeções do governo Trump e de empresas multinacionais. É um marco histórico, mas também um campo minado de tensões geopolíticas.
Uma guerra silenciosa está acontecendo no mundo da tecnologia. Enquanto os Estados Unidos defendem a inovação desregulada, a Europa avança com regras que buscam proteger consumidores e impor responsabilidade a empresas de inteligência artificial (IA). A entrada em vigor das normas europeias marca o início de um novo jogo político e econômico, com consequências para gigantes como Google, Amazon e Microsoft.
A governança da IA passa a ser mais rigorosa, com cada país do bloco identificando autoridades responsáveis por fiscalizar as empresas. No caso da França, entidades como a DGCCRF (Direção Geral de Concorrência, Consumo e Repressão das Fraudes) e a CNIL (Comissão Nacional de Informática e Libertades) assumem esse papel. No Brasil, a ANPD (Agência Nacional de Proteção de Dados) deve desempenhar um papel similar em breve.
A disputa entre Europa e Estados Unidos sobre IA não é só técnica; é uma questão de hegemonia tecnológica. Enquanto a UE busca consolidar sua posição como guardiã dos direitos digitais, os EUA tentam manter seu domínio no setor. Ainda que o texto regulatório europeu seja ambicioso, sua implementação enfrenta desafios, especialmente em países onde as autoridades responsáveis ainda não foram definidas.
Essas regras não são apenas sobre máquinas; são sobre como queremos viver no mundo digital. Enquanto a indústria tenta navegar entre compliance e inovação, o debate sobre IA transcende o tecnológico para se tornar uma questão filosófica: até que ponto estamos dispostos a ceder nossa autonomia em nome de便利idades?