O coronel Márcio Nunes de Resende, do Exército brasileiro, admitiu publicamente que houve um erro grave na atuação das Forças Armadas durante os protestos pós-eleição de 2022. Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), ele revelou que o silêncio do Exército foi "ensurdecedor" e poderia ter agravado a situação caso Jair Bolsonaro tentasse uma ação golpista.
Resende destacou que a ausência de posição clara do Exército deixou espaço para especulações e tensões. "Seria uma barata voando ali", comparou, alertando sobre o risco de perda de controle se Bolsonaro convocasse as tropas. Ele sugeriu que um comunicado oficial teria sido fundamental nessa fase.
Essa revelação surge no contexto de investigações sobre o chamado "núcleo 3" da trama golpista, em que Resende participou de reuniões na Asa Norte, área nobre de Brasília. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que essas conversas tinham como objetivo planejar ações para destabilizar o governo.
A atitude do Exército durante os protestos foi tema de debate em todo o país, com críticas e elogios. Para Resende, a hesitação da corporação reflete uma maior crise na relação entre as Forças Armadas e a política brasileira.