Em um giro ironicamente cômico na política norte-americana, o especista Jack Smith, responsável por dois casos contra o ex-presidente Donald Trump, se encontra agora no centro de uma investigação por supostas atividades políticas partidárias. A iniciativa parte do Office of Special Counsel, órgão encarregado de fiscalizar a Lei Hatch, que proíbe funcionários federais de participarem de atividades políticas.
A situação de Smith é emblemática: ele foi nomeado pelo então procurador-geral Merrick Garland em novembro de 2022 para investigar Trump, mas agora é alvo de uma apuração que questiona se suas ações tiveram caráter político. O senador Tom Cotton, republicano do Arkansas, foi o primeiro a chamar atenção para o caso, acusando Smith de ter atuado em benefício da administração anterior.
Smith já havia promovido dois casos contra Trump: um relacionado ao suposto conspirar para subverter os resultados das eleições de 2020 e outro por guardar documentos classificados na propriedade de Mar-a-Lago. No entanto, após a vitória de Trump nas eleições presidenciais de 2024, ambos os casos foram arquivados conforme políticas do Departamento de Justiça que proibem indiciar um presidente em exercício.
Ironicamente, enquanto Smith é investigado, não há informações sobre apurações similares contra outros especiais consultores nomeados por Garland para investigar o vice-presidente Kamala Harris e seu filho Hunter Biden. Enquanto isso, a liderança do Office of Special Counsel tem sido marcada por mudanças constantes, incluindo a saída abrupta de Hampton Dellinger e a ascensão de Paul Ingrassia, um ex-apresentador de podcasts conservadores que já elogiou o polêmico influenciador Andrew Tate.
Para completar o quadro, o cargo atual do órgão é ocupado interinamente por Jamieson Greer, representante comercial de Trump. A situação parece saída de um roteiro de comédia negra: quem investiga os investigadores? E qual será o próximo capítulo dessa trama?