Mercado de Trabalho dos EUA: Riscos crescem, mas Fed mantém cautela com juros

Em meio a um cenário econômico complexo, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, alertou que os riscos no mercado de trabalho estão se intensificando. Apesar disso, ele ressalta que ainda é cedo para comprometer-se com cortes na taxa de juros.

Em recente palestra a um grupo empresarial na Flórida, Bostic destacou a necessidade de analisar mais dados antes da próxima reunião do Federal Reserve, marcada para os dias 16 e 17 de setembro. Ele prevê que a inflação ainda cresça nos próximos meses, o que influirá na decisão sobre os juros.

Bostic indicou que um corte de 0,25 ponto percentual na taxa é provável para este ano, mas destacou a necessidade de monitorar de perto os dados sobre emprego e inflação. Recentemente, o relatório de emprego mostrou uma desaceleração do crescimento e um aumento na taxa de desemprego, além de revisões significativas nos ganhos de emprego anteriores.

O economista também ponderou sobre os impactos das tarifas comerciais no longo prazo. Ele questionou se os modelos econômicos tradicionais ainda se aplicam em um ambiente marcado por mudanças nas cadeias de suprimentos globais, especialmente com a possível relocalização de produção para países com custos mais altos, como os Estados Unidos.

Bostic ressaltou que a inflação estruturalmente mais alta pode ser um risco eminente se as tarifas alterarem permanentemente as cadeias de suprimentos e desencorajarem a produção low-cost, como na China. Ele destacou que empresas podem levar até meados de 2026 para responder totalmente às mudanças nas taxas, mantendo assim pressões inflacionárias.

Enquanto isso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insiste em reduções profundas e imediatas dos juros, criando tensão com a política monetária tradicional do Fed.