A Gaza é um lugar onde os muros e os mares se tornaram testemunhas silenciosas da dor humana. Enquanto as paredes de concreto israelenses erguem-se altivas, prontas para retaliar qualquer ousadia, o mar quebra suavemente suas ondas na costa, oferecendo um último recurso para aqueles que lutam por sobreviver.
Os peixeiros de Gaza sempre foram os guardiões desse legado marinheiro. Eles conheciam o mar como ninguém, navegando entre as águas e os perigos, trazendo alimentos para uma população isolada. Mas hoje, esses mesmos mares se transformaram em um inimigo implacável. A Marinha israelense proibiu os pescadores de sair das águas territoriais, afogando a esperança de um futuro melhor.
Com as mãos amarradas, os peixeiros veem seu ofício ser arrancado brutalmente. "Nós não temos mais nada para comer", confessa Ziyad Abu Amira, um pescador que desafia diariamente a morte. "Se eu não trouxer comida para meus filhos hoje, morro."
Entre as crianças, o sofrimento é ainda maior. Fayza, de setembro anos, aguarda ansiosa os pescadores que voltam da água, pedindo migalhas de um dia para outro. "Eu espero que eles me deem algum peixe", sussurra ela, enquanto Hussam, de oito anos, tenta sustentar sua família com as pequenas capturas que consegue.
Essa tragédia não é nova. Desde que a guerra entre Israel e o Hamas começou, mais de 21 meses atrás, os barcos de pesca foram alvos constantes. Os peixeiros viram suas embarcações serem destruídas e seu trabalho ser reduzido a um paltry of 60 toneladas por ano, em comparação às 4.660 toneladas produzidas antes dos ataques.
O mar que outrora alimentava uma população agora se tornou fonte de medo e incerteza. "Todo mundo tem medo de entrar no mar", confessa Ismail Al Amoudi, de 16 anos. "Vemos a morte diante dos nossos olhos."
Enquanto o mundo assiste chocada às imagens de crianças esqueléticas e à crescente fome na Gaza, é impossível não se perguntar: quantas outras gerações terão que sofrer para que haja paz?