Quase oito décadas após a devastação de Hiroshima e Nagasaki, o mundo volta a enfrentar a sombra ameaçadora do risco nuclear. Em um contexto marcado por tensões geopolíticas crescentes e o enfraquecimento de acordos multilaterais, o arsenal nuclear global não apenas se manteve estável, como vem aumentando em quantidade e complexidade.
A escalada na guerra na Ucrânia trouxe de volta à tona a possibilidade real de um conflito nuclear. O presidente russo, Vladimir Putin, não hesita em referir-se ao arsenal atômico da Rússia como uma carta forte no confronto com o Ocidente. No entanto, o abandono do tratado New START e a ausência de verificação mútua entre os Estados Unidos e a Rússia aumentam significativamente as chances de um erro fatal.
Enquanto isso, o Irã segue seu programa nuclear com determinação, ultrapassando limites impostos pelo Acordo Nuclear e colocando em risco a estabilidade na região. A China, por sua vez, amplia rapidamente sua capacidade nuclear, desafiando os Estados Unidos e a Rússia em um jogo de poder que não parece ter fim.
No coração desse problema está a pergunta perturbadora: podemos realmente evitar um conflito nuclear global? Os acordos de desarmamento fracassaram, e acreditamos que o mundo corre cada vez mais riscos. O Relógio do Juízo Final, mantido pelo Boletim dos Cientistas Atômicos, está a apenas 90 segundos da meia-noite, refletindo o ponto mais crítico desde sua criação.
Enquanto isso, países como Israel e Coreia do Norte continuam a manter arsenais nucleares em segredo, adicionando mais camadas de complexidade e insegurança ao cenário global. A situação é ainda piorada pelo aumento da inteligência artificial em aplicações militares, criando um ambiente em que o acaso pode ter consequências catastróficas.
No Brasil, olhamos para esse cenário com uma mistura de preocupação e reflexão. Como nação que valoriza a diplomacia e a preservação da vida, é difícil não se perguntar: até que ponto estamos preparados para lidar com essa ameaça?