Em tempos de política tensa e revelações surpreendentes, o senador Cid Gomes (PSB-CE) solta a seguinte: "Na boca miúda, você ouve muitas conversas." A frase, dita com um sorriso que parece esconder mais do que diz, abre caminho para uma trama que envolve emendas parlamentares, cobranças secretas e o próprio sistema de financiamento da política brasileira.
Recentemente alvo de operações da Polícia Federal, o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE) está no centro de uma investigação que aponta para desvios de recursos públicos e fraudes em licitações. Enquanto isso, seu padrinho político, Cid Gomes, não só defende o aliado como sugere que o problema é mais amplo: "Na boca miúda, as conversas sobre cobrança de percentuais por parlamentares para destinar emendas não são novas."
Segundo relatos, a taxa cobrível pode chegar até 15% do valor das emendas. Um esquema que, se comprovado, desafia não apenas o sistema político, mas também os princípios éticos da representação popular. "Você vê lá, fulano de tal indicou R$ 3 milhões para cidade X. Aí você vai ver quantos votos a pessoa teve na cidade, vai ver que foi uma votação ridícula, 17 votos. Então, é razoável que você possa desconfiar", afirmou Cid Gomes.
Essas palavras ecoam em um contexto onde a confiança no sistema político já está abalada. Afinal, se o dinheiro público está condicionado ao apoio político, quão distante estamos da ideia de que os parlamentares estão ali para servir, e não para negociar?