A volta do punk rock não é apenas uma moda passageira. É a reafirmação de que as tendências musicais, assim como a natureza humana, têm ciclos. Enquanto o hip-hop e a música eletrônica dominavam culturalmente por anos, o gênero alternativo mais desafiador está experimentando um renascimento comercial — algo que não acontecia há décadas.
Mike Marquis, agente da CAA, lembra que em 2010 já havia perdido o interesse por bandas de punk e emo. No entanto, sua paixão pessoal o levou a assinar o All Time Low em 2018, mesmo sem hits recentes. Foi como investir em ações antes do boom: o gênero explodiu durante a pandemia, com sucessos como "Monsters" e "Sleepwalking".
A nostalgia parece ser um fator chave. Os fãs mais velhos revivem os álbuns de 20 anos atrás, enquanto os jovens descobrem bandas clássicas por meio de paradas do Spotify. Até o álbum Three Cheers for Sweet Revenge, de My Chemical Romance, voltou aos tops da Billboard após mais de duas décadas.
O cenário atual é um mix de nostalgia e política. Para Erin Kelly-Burkett, da Fat Wreck Chords, o resurgimento do punk está ligado à frustração com governos que não representam os jovens. "Quando as pessoas se sentem decepcionadas pelo governo, buscam comunidade", explica.
Porém, Michael John Burkett, da NOFX, vê o clima político como um fardo para o gênero. "Muitas bandas estão assustadas com Trump e seus seguidores", afirma. Enquanto isso, bandas mais novas como Turnstile e The Paradox conquistam espaço, mesclando estilos e atraiendo uma nova geração.
O Warped Tour, após anos de hiatus, volta com força, e festivais como When We Were Young adicionaram datas extras devido à demanda. Os ingressos esquentam não apenas por nostalgia, mas também porque o punk continua a oferecer uma voz para os marginalizados.