O silêncio, um privilégio raro em tempos urbanos

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Em meio à cacofonia urbana, o silêncio tornou-se um bem escasso e precioso. Em São Paulo, a rotina começa não com um despertar natural, mas com o barulho ensurdecedor de um martelo pneumático e o tumulto do trânsito. Essa constante exposição ao ruído excessivo não é apenas incômoda; ela afeta profundamente nossa saúde física e mental.


Impactos do barulho

O som alto não é um pano de fundo inofensivo. É um estressor biológico que libera cortisol, adrenalina e eleva a pressão arterial. Maria Magalhães, especialista em Fatores Humanos, explica que o ruído contínuo compromete diretamente a segurança de pacientes e profissionais em ambientes hospitalares.


Em UTIs neonatais, o impacto é ainda mais preocupante. Prematuros expostos a espaços ruidosos têm seu desenvolvimento neurológico comprometido. Profissionais de saúde enfrentam perda de foco e aumento no número de erros, equivalentes a estar levemente alcoolizado após 12 horas em um ambiente barulhento.


Desafios urbanos

A OMS recomenda limites de ruído entre 35 e 45 decibéis em ambientes hospitalares, mas nossas cidades frequentemente ultrapassam esses patamares. Em São Paulo, o barulho é quase um símbolo de urbanidade, transformando o sono num privilégio rarefeito.


Construindo silêncio

Complexos hospitalares como o Hospital das Clínicas deveriam ser exemplos de responsabilidade. É fundamental planejar horários de atividades ruidosas, investir em equipamentos silenciosos e instalar barreiras acústicas. Construir onde a vida pede silêncio é um exercício de responsabilidade compartilhada.


Em uma sociedade que desaprende a escutar seu próprio pensamento, o silêncio não deve ser visto como ausência, mas como um direito fundamental. É hora de repensar nossa relação com o barulho e valorizar o silêncio como um bem essencial para nossa saúde coletiva.

Maria Oliveira

Maria Oliveira

Em meio à cacofonia urbana, o silêncio se torna uma raridade luxuosa. Reflexivo e necessário.

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