Em um movimento que promete aprofundar as já tensas relações entre os Estados Unidos e o Canadá, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quinta-feira passada que elevaria as tarifas sobre imports canadenses de 25% para 35%. A medida, que entra em vigor nesta sexta-feira (1º de agosto), foi justificada pelo governo americano como resposta à incapacidade do Canadá de reduzir o tráfico de drogas e criminalidade transfronteiriça.
Contextualizando: Trump vinha ameaçando aumentar as tarifas desde junho, durante a cúpula do G7 na Alberta. Em uma série de tweets e declarações públicas, o presidente americano havia prometido que levaria adiante com a imposição das taxas mais altas caso não houvesse acordo satisfatório até sexta-feira (16). Além disso, Trump já havia expressado insatisfação com o déficit comercial entre os dois países, atribuindo grande parte desse problema ao excessivo consumo de petróleo por parte dos Estados Unidos.
Em resposta, o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, emitiu uma declaração expressando decepção com a decisão de Trump. Ele reiterou que o Canadá só aceitaria um acordo comercial que estivesse alinhado com os interesses nacionais do seu país. Além disso, destacou que o país já contribui significativamente para reduzir o tráfico de fentanil nos Estados Unidos, apesar de ser responsável por apenas 1% das importações desse tipo de droga.
Impactos previstos: Carney admitiu que setores como madeira, aço, alumínio e automobilístico seriam os mais afetados pelas novas tarifas. No entanto, prometeu que o governo canadense faria o possível para mitigar o impacto sobre os empregos locais. A administração Trump, por outro lado, já havia avisado que impostos ainda maiores (40%) seriam aplicados a produtos transshipados pelo Canadá que não estivessem cobertos pelo acordo USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá), renovável em 2026.
A decisão unilateral de Trump vem num momento em que as relações entre os dois países já estavam tensas. Além das questões comerciais, o governo canadense havia anunciado recentemente sua intenção de reconhecer um estado palestino, o que Trump descreveu como "muito difícil" para a relação bilateral.