A democracia promete igualdade, mas entrega exclusão. Enquanto as classes superiores se instalam no poder, as populações mais vulneráveis são empurradas para o canto. É um drama que se repete não só na França, mas em países como o Brasil, onde a política parece ser cada vez mais um clube fechado.
As eleições como espelho da sociedade
Desde 2002, mais de 2,75 milhões de brasileiros se candidataram a alguma posição política. Desses, a maioria pertence às classes populares e médias. No entanto, à medida que subimos na escala do poder, essas categorias vão sendo esmagadas. Na Assembleia Nacional de 2012, elas representavam apenas 2% dos deputados. Hoje, a situação é ainda pior: nas eleições européias de 2024, 87% dos eurodeputados franceses eram da elite. Isso não é apenas um problema político; é uma doença social que afeta diretamente o acesso das classes mais humildes ao exercício do poder.
Da promessa democrática à realidade oligárquica
A ideia de paridade social parece ser um ideal quase utópico no mundo atual. Enquanto as classes superiores se consolidam no topo da pirâmide, as demais encontram-se presas em um sistema que parece desenhado para mantê-las afastadas. No Brasil, é comum vermos políticos de elite que, apesar de prometerem mudanças, acabam reforçando o status quo. A gentrificação silenciosa da política é uma realidade que precisa ser enfrentada, pois elamina as vozes mais necessárias para construir um futuro justo.
Do engajamento popular à desilusão
À primeira vista, o fato de milhões de brasileiros terem se candidatado a cargos políticos é um sinal de esperança. No entanto, a realidade é que essas pessoas raramente chegam ao topo da pirâmide política. O discurso de renúncia da elite que 'faz sécession' é cada vez mais comum, mas o que se vê é uma oligarquia que se fecha em si mesma, ignorando as demandas das classes populares e médias.
O caminho para um novo pacto político
Para romper com esse ciclo de exclusão, é essencial repensar o sistema político. Não basta apenas mais do mesmo; é preciso inventar novas formas de participação que realmente permitam às classes populares e médias acessarem o poder. Isso passa por mudanças radicais no financiamento das eleições, na democratização dos meios de comunicação e na criação de ferramentas que promovam a verdadeira representatividade.