Eva Victor, que se identifica como não-binário, é a prova viva de que as redes sociais podem ser um trampolim para carreiras cinematográficas. Depois de ganhar notoriedade com vídeos engraçados postados no X nos finais da década de 2010, o americano de 31 anos reinventou-se como atriz, roteirista e diretora. Seu filme Sorry, Baby, premiado no Festival de Sundance e selecionado para a Quinzalharia dos Cinéastes em Cannes, é o ápice dessa jornada.
Em entrevista por Zoom, Eva compartilha: "Cheguei ao limite da minha vontade de criar objetos destinados a serem publicados e comentados no mesmo dia. Queria ir para algo mais longo e profundo." Essa busca pela profundidade é o coração do seu trabalho atual.
Sua personagem Agnès, uma mulher inquieta tentando superar um trauma, lembra inevitavelmente da própria experiência de Eva. Agressiva sexualmente há alguns anos, a diretora encontrou no processo de filmar Sorry, Baby uma forma de cura: "Como diretora e colocando-me na frente da câmera, escolhi onde meu corpo ia em cada momento. Me senti rodeada e segura."
Ao criar o filme, Eva buscou algo mais que entretenimento: "Quero que as pessoas saiam com a impressão de que o filme vai se preocupar com elas." Para ela, o cinema é uma força que une espectadores em busca de emoções compartilhadas: "Acredito que, juntos, chorando e rindo, as pessoas libertam algo essencial."