A geração que cansou de pagar: o esgotamento fiscal e sua consequência política

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A geração dos 'Nicolas' é uma que não é cínica, nem desengajada - mas simplesmente cansada. Cansada de pagar impostos sem ilusões e promessas, e de ver seu dinheiro ser usado para manter um sistema que parece cada vez mais vazio.


Eu vejo ao meu redor as consequências concretas do esgotamento fiscal dos jovens ativos. Vejo o desejo crescente de tudo jogar fora. Esse desejo, eu entendo. Mas também sei o que é querer manter seus princípios intactos, mesmo quando a tentação de dizer 'já chega' se torna forte.


O que vem surgindo nas mídias e redes sociais recentemente não é um despertar político. É uma confusão dramática entre revolta e fuga. Não é uma reaposerviço consciente de sua contribuição para o coletivo. É um sintoma de uma época que não consegue mais distinguir Justiça de conforto, solidariedade de cálculo de otimização.


É como um passageiro em um navio: diante da inclinação do barco, ele acha que todo o mar está contra ele e conclui que é urgente deixar de financiar o manutenção do navio - enquanto continua desfrutando da viagem.


Esse discurso, que tenta transformar o egoísmo em uma forma de lucidez, não é espontâneo. É métodoicamente instrumentalizado. Por trás da aparente frescor generacional e dos slogans hiperdivulgados, encontramos uma velha gramática política: a que associa impostos a punição, solidariedade a absurdidade e Estado a uma burocracia inimiga que precisa ser libertada urgentemente.


Não são idéias novas. São velhas tramas - recicladas em uma estética moderna e algorítmica - da direita liberal, que se diz defender as 'novas classes médias' mas só abre mais espaço para a dessolidarização sistemática. Ou seja, para a brutalidade.

Bruno Lima

Bruno Lima

Enquanto os jovens ativos buscam desesperadamente sair dessa dança macabra fiscal, o sistema se fecha cada vez mais. Será que ainda há esperança de reverter essa tendência? Ou estamos condenados a navegar em um mar de individualismos?

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