Nicolas Que Paga: O Meme Que Virou Ideologia

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"Nicolas qui paie": Do que era apenas um meme, virou um ícone de uma ideologia. Registrado como marca junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), por Erik Tegnér, fundador do Frontières, extremo-direita francesa, a expressão alcança um novo patamar no processo de transformação de um simples conteúdo viral em ferramenta política.


Da sátira ao discurso político: Surgido a partir de um tweet irônico em 2020, Nicolas representava inicialmente o 'francês médio', aquele que trabalha duro, paga impostos e é constantemente explorado pelo sistema. No entanto, o meme rapidamente evoluiu para algo muito mais sério: uma bandeira ideológica que questiona a meritocracia e culpa o Estado por desmotivar os cidadãos.


Uma visão distorcida da sociedade: Por trás do tom despretensioso, Nicolas encarna uma narrativa profundamente violenta e parcial. Ele transforma a solidariedade nacional em algo suspeito, pintando os mais vulneráveis como 'custos' para o sistema. Idosos, desempregados, imigrantes e famílias em situação de precarity são retratados como fardos, não merecedores de ajuda.


Do meme ao projeto político: O que começou como uma brincadeira virou um veículo para uma ideologia reacionária e identitária. Nicolas se apresenta como o 'representante do povo', mas na verdade, é um cavalo de Troia para um discurso que defende a meritocracia exacerbada e critica os serviços públicos.


Uma reflexão brasileira: Enquanto isso acontece na França, no Brasil, vemos fenômenos semelhantes. Memes e figuras simplificadoras são usados para justificar políticas que excluem os mais necessitados. O risco é o mesmo: a transformação de sátiras em dogmas que distorcem a realidade.

Juliana Rocha

Juliana Rocha

Há algo de profundamente cômico e trágico na ideia de um meme virar uma ideologia. Como se os problemas da sociedade pudessem ser resolvidos com um simples 'Nicolas que paga'. Enquanto isso, o restante de nós continua tentando entender como as coisas viraram tão bizaras.

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