A febre é um dos sintomas mais comuns entre crianças, responsável por aproximadamente 20% a 30% das queixas em consultórios de pediatras no Brasil. Embora não seja uma doença em si, serve como alerta para algo que não está bem no organismo. Mas quando os pais devem se preocupar e buscar ajuda médica?
Aumentar a temperatura corporal é uma reação natural do corpo contra invasores como vírus ou bactérias. A febre geralmente acompanha outros sinais, como extremidades frias, sensação de frio e taquicardia ou respiração rápida. Esses sintomas assustam muitos pais, que temem doenças graves ou convulsões — um medo chamado 'febrefobia' entre os médicos.
É importante lembrar que a variação natural da temperatura ao longo do dia é normal, alcançando picos no final da tarde. Em adultos, essa variação pode chegar a 0,5 °C, e nos bebês, até 1 °C.
Recentemente, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) redefiniu o que considera febre: agora, é reconhecida como 37,5°C medido na axila. Anteriormente, a marca era 37,8°C. Essa mudança alinha o Brasil com práticas internacionais, como as da Academia Americana de Pediatria.
'É uma referência para estudos clínicos, não para receitar medicamentos', afirma o pediatra Tadeu Fernando Fernandes, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da SBP. 'Esse valor evita uma falsa sensação de segurança e está alinhado com os parâmetros internacionais.'
Diante de uma temperatura elevada, é essencial manter a criança bem hidratada e monitorar sua evolução e outros sintomas. A febre deve ser avaliada no contexto do quadro clínico como um todo, já que o número em si não define a gravidade.
'O que importa é o estado geral da criança', frisa Fernandes. Se a criança está animada, brincando e comendo, a medicação pode não ser necessária. Porém, se apresentar sinais de choro, irritabilidade, redução do apetite ou incapacidade de urinar, é hora de buscar ajuda.
Muitos pais associam alturas da temperatura ao risco de convulsões. No entanto, essas ocorrências são mais comuns em crianças predispostas, mesmo com febres leves.
Os remédios mais utilizados para reduzir a febre no Brasil são o paracetamol, a dipirona e o ibuprofeno. No entanto, devem ser administrados respeitando as dosagens indicadas pelo médico, de acordo com o peso e idade da criança.
'Uma febre baixa por si só não é justificativa para ir ao hospital', afirma Claudio Schvartsman, do Hospital Einstein Israelita. 'O desconforto da criança e a presença de sintomas como falta de ar ou apatia são fatores que indicam necessidade de atendimento médico mais urgente.'