A guerra na Ucrânia esconde um trabalho invisível: pelo menos 1.000 mulheres africanas foram recrutadas para fabricar drones de combate em uma fábrica russa no coração do território do Tatarstan. As jovens, cujos rostos são cobertos por máscaras protetivas, aparecem apenas como figurantes em vídeos de propaganda russa. Seu objetivo: montar aeronaves sem pilotos para o esforço bélico russo.
Em um levantamento exclusivo, O Mundo descobriu um sistema de recrutamento enganoso organizado pelas autoridades russas. Mas por que Moscou aposta em mão-de-obra oriunda da África? E como o governo russo consegue convencer essas jovens a abandonar seus países para trabalhar nas linhas de produção?
Essa história revela não apenas um problema de trabalho escravo, mas também uma estratégia geopolítica que explora desesperos e sonhos de melhoria. As mulheres recrutadas, muitas vezes de origens pobres e sem grandes perspectivas, são prometidas empregos bem pagos e oportunidades, escondendo a realidade das condições de trabalho precárias e do risco associado à guerra.
Enquanto o conflito na Ucrânia continua, essas mulheres africanas permanecem como peças-chave em um tabuleiro onde a diplomacia moderna mascara-se de tecnologia e progresso. Seu trabalho invisível não só alimenta a guerra, mas também expõe as fragilidades da economia global e as dinâmicas do recrutamento internacional.