Dubai, conhecida por seus arranha-céus e apartamentos de luxo, está enfrentando um problema invisível para a maioria dos turistas: o sofrimento dos trabalhadores migrantes que vivem em condições precárias. A cidade-estado lançou uma campanha para fechar imóveis sobrelotados, alegando riscos de incêndio, mas muitos residentes se perguntam onde essas pessoas irão parar.
Em apartamentos divididos, famílias inteiras compartilham cômodos apertados, separados apenas por placas de madeira ou cortinas plásticas. Hesham, um trabalhador egípcio que vive em Dubai há anos, descreve seu quarto como 'um armário adaptado' onde cabem apenas um colchão e ele mesmo. Apesar do alto custo de vida, a cidade atrai milhões de migrantes em busca de trabalho, mas poucos conseguem pagar aluguéis legais.
Enquanto isso, os preços dos imóveis continuam a subir, com apartamentos de um quarto custando em média US$1.400 por mês. Em áreas mais pobres, quartos divididos podem ser alugados por US$220 a US$270, o que ainda é caro para quem ganha menos de US$500 por mês. A maioria dos trabalhadores migrantes vive em condições subumanas, sem acesso a benefícios sociais ou proteção legal.
A recente onda de inspeções governamentais está deixando muitos desesperados. 'Eles podem te dizer para sair sem oferecer alternativas', diz Hassan, um segurança ugandês que vive em Dubai. 'Ninguém quer os trabalhadores migrantes aqui, mas ninguém quer assumir a responsabilidade por eles nem fornecer opções de moradia segura.'
Essa situação reflete uma tendência global: cidades que buscam modernização e desenvolvimento econômico, mas negligenciam as consequências sociais. Enquanto Dubai brilha com sua arquitetura futurista, muitos de seus residentes invisíveis lutam para encontrar um lugar onde pertençam.