A Guerra que não teve Nome: Histórias de Silêncio e Herança Traumatizante

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Quando François Aymé decidiu investigar o que seu pai, falecido, havia vivido na Argélia, teve a difícil tarefa de ouvir as histórias de três tios: Michel, Yvon e Auguste. Eles, assim como Marcel, foram convocados para servir na França 3 entre 1956 e 1962, sem saber que estavam indo para uma guerra que mudaria suas vidas.

Após o retorno à Ferme Familial, em Melle (Deux-Sèvres), ninguém perguntou sobre suas experiências. A vida voltou ao normal, como se nada tivesse acontecido. 'Bon maintenant, c’est fini', disse Marcel a Augusto no dia de seu retorno. 'Demain matin tu es là à 7 heures avec la faucille parce qu’on rentre les betteraves.'

No entanto, nenhum dos quatro jamais seria o mesmo sem que ninguém quisesse saber se era a guerra ou a própria ditadura militar que os havia transformado. 'Il y avait l’omerta qu’il fallait installer. La guerre d’Algérie n’avait pas existé. Partir en Algérie c’est obligatoire et c’est "oubli" quand on en revient', testemunhou Auguste, misturando os termos "oubli" e "obligatoire".

Apesar desse silêncio coletivo, Augusto foi o único da família a quebrar o cerco. Em 2020, aos 80 anos, publicou um livro terrível intitulado Aller simple pour les Aurès, contando as histórias e os testemunhos de antigos soldados convocados.

Essas histórias nos lembram da carga da memória invisível e da herança da violência que muitas vezes é transmitida silenciosamente pelas gerações. Como diria um sábio, 'o passado que não nomeamos sempre volta para assombrar o presente'.

Rafael Pereira

Rafael Pereira

Às vezes, a história nos obriga a olhar para trás, não porque queremos, mas porque ela insiste em se lembrar. Este documentário é um testemunho doloroso, mas necessário, daqueles que lutaram e de seus familiares que tiveram que lidar com o trauma do silêncio. Que sirva como lembrete de que a memória não é uma escolha, mas um dever.

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