Tom Lehrer foi um dos raros seres que combinavam genialidade matemática com uma capacidade única de fazer música engraçada e satírica. Nascido em Nova York em 1928, ele ingressou na Universidade de Harvard aos 15 anos, onde demonstrou seu talento precoce não apenas pelas ciências exatas, mas também pela sátira musical.
Sua carreira teve início com o álbum Songs by Tom Lehrer, lançado em 1953. Com apenas 400 cópias inicialmente impressas, o disco se tornou um fenômeno, vendendo mais de 10 mil unidades no primeiro ano. Suas canções, repletas de rimas e ritmos surpreendentes, não poupavam ninguém – nem mesmo os próprios cientistas e acadêmicos que ele homenageava.
Entre suas obras mais icônicas está Lobachevsky, uma sátira à falsificação acadêmica que poderia muito bem ser um hino para os usuários de inteligência artificial de hoje. Lehrer, com seu senso de humor ácido, explorava temas como a ganância, a hipocrisia e as ironias da vida moderna.
Além de sua contribuição à música, Lehrer foi um professor respeitado, tendo lecionado em Harvard e na Universidade da Califórnia. Sua relação com os alunos era marcada pelo rigor intelectual e pela desconfiança das tentativas de usarem sua fama para impressioná-lo. "Eles não devem esperar que minhas aulas sejam engraçadas", costumava dizer.
Tom Lehrer foi também um precursor da compartilhação aberta do conhecimento. Em 2020, ele colocou todas suas letras e melodias no domínio público, desencorajando qualquer tentativa de pagamento por seu trabalho. "Não enviem dinheiro para mim", escreveu em seu site oficial.
Sua morte, aos 97 anos, reuniu fãs do mundo todo, lembrando não apenas sua música, mas também seu legado como um dos raros espíritos que uniam inteligência e humor de forma tão singular.