Quando o relógio marcava 4 anos, ela fechou os olhos pela última vez como criança. Agora, sentada no banco de trás do carro, entre o silêncio do irmão e a tia que estreava seu tão sonhado carteiro, ela mergulhava em pensamentos adolescentes. O vento balançava os cabelos cacheados da mãe, que, no banco do meio, fingia prestar atenção à estrada enquanto ouvia uma canção entediante sobre um suéter azul-marinho.
A viagem para encontrar o pai parecia interminável. Cada quilômetro percorrido era um passo rumo a uma nova fase, cheia de hormônios e promessas de mudança. Ela se perguntava se aquele incômodo interior tinha relação com as réparos no carro ou com aquela música irritante que ecoava no rádio.
Mãe, irmão, tia... todos pareciam mergulhados em seu próprio mundo, deixando-a sozinha com seus pensamentos. E ela detestava isso. Sempre foi assim, desde pequena. Agora, aos 13 anos, descobria que aquele silêncio era apenas a ponta do iceberg de uma jornada que prometia ser turbulenta.
Às vezes, ela se pegava desejando que alguém ao menos olhasse para ela, reconhecesse sua presença. Mas lá estavam eles: mãe ouvindo aquela música irritante, irmão mergulhado em seu silêncio misterioso e tia concentrada demais na direção para notar a angústia no banco de trás.
Ela suspirava, encarando o horizonte que se estendia infinitamente, como se aquele céu sem fim fosse um espelho de seu próprio coração. Aos 13 anos, ela já sabia que a adolescência seria uma jornada cheia de perguntas sem respostas, e aquele silêncio coletivo era apenas o começo.
A Viagem dos Gritos Silenciosos da Adolescência


A viagem descrita aqui é mais do que um trajeto físico; é um metáfora para a jornada da adolescência. Comovente e reflexiva, a narrativa nos lembra das pequenas guerras silenciosas que todos nós já enfrentamos ou ainda enfrentaremos. Em tempos modernos, onde as hormônios e as expectativas são tantas, é uma leitura obrigatória para quem entende o drama da transição de idade.
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